A Casa dos 22 Espíritos em Nova York
Capítulo 1 – O Chamado da Casa Sombria
Era 1957, e Jan Bryant Bartell estava prestes a realizar um sonho. Nova York significava o início de uma nova vida, onde ela e o marido começariam do zero, em um apartamento simples mas com aquele charme antigo e promessas de histórias. Não era a área mais nobre, mas tinha tudo que o jovem casal precisava. O prédio em si era um pouco sombrio, com corredores escuros e um cheiro estranho de madeira antiga, algo que ela tentou ignorar. Ela se lembrava de ter pensado que aquele odor seria parte do charme; afinal, não é todo prédio que guarda tantos anos e tantas vidas dentro de suas paredes.
No entanto, desde a primeira noite, algo parecia... errado. Era uma sensação que não dava para explicar — um incômodo leve, uma pontada de frio na nuca que aparecia sempre que ela fechava a porta do apartamento. Nas primeiras vezes, tentou rir da própria impressão, convencida de que tudo era coisa da sua cabeça. Mas, conforme os dias se passavam, aquela sensação de estar sendo observada, analisada, tornou-se insuportável. Se alguém estava ali, escondido entre sombras invisíveis, quem ou o quê poderia ser?
Capítulo 2 – Recusa Inicial: Tentando Racionalizar o Medo
Nos primeiros dias, Jan tentou encontrar uma explicação racional para o que sentia. Conversou com o marido, que desdenhou da situação com uma leve risada, lembrando-a de que tudo era novo, que ela só precisava de tempo para se acostumar. Ele disse que a atmosfera sombria e o silêncio podiam dar a sensação de que estavam em um daqueles livros de suspense que ela adorava, mas que, na prática, o lugar era apenas um prédio velho.
Jan tentou acreditar, mas a cada noite a sensação de inquietude aumentava. Começou a notar pequenos detalhes que pareciam confirmar seus medos: um ranger leve de portas quando ninguém as tocava, passos lentos no corredor que não vinham de lugar nenhum, e aquele frio gelado que a envolvia repentinamente, sem motivo.
Havia momentos em que ela estava quase convencida de que era só a imaginação — até a noite em que tudo mudou. Ao ir até a cozinha pegar um copo d'água, sentiu que alguém a seguia. Ela parou por um momento, o corpo rígido de pavor, os pés congelados no chão. Respirou fundo, virando-se rapidamente, mas... não havia ninguém.
O medo que a princípio parecia tão tolo agora começava a invadir sua mente, lentamente, sem permitir descanso.
Capítulo 3 – Encontro com o Sobrenatural: O Primeiro Contato
Alguns dias após o incidente na cozinha, Jan tentava retomar a rotina. Mas sua mente já estava sempre atenta ao que poderia surgir nos cantos mais escuros. E foi então que, tarde da noite, ao se preparar para dormir, algo inexplicável aconteceu.
Um cheiro horrível invadiu o quarto. Não era algo comum; o odor era azedo, denso, e parecia vir de algum lugar profundo no chão, quase como se estivesse escondido entre as paredes e o piso. O cheiro a nauseava, enchendo o quarto e envolvendo-a em uma atmosfera insuportável. Mesmo limpando o lugar inúmeras vezes, aquele odor persistia, impregnando o ar como se fizesse parte da própria estrutura da casa.
A tensão se intensificou até o ponto em que, numa madrugada, acordou com uma sensação gelada no pescoço. Não era só o frio comum de um ambiente sem aquecimento — era uma sensação pulsante, algo quase vivo. Ela instintivamente levou a mão ao pescoço, esperando encontrar uma corrente de ar, uma explicação qualquer... mas o que sentiu foi como se dedos invisíveis tivessem se aproximado dela, tocando-a com uma delicadeza ameaçadora.
Ela começou a entender que aquilo não era apenas uma presença; era uma entidade, algo sem forma, mas cheio de intenções. E, a partir desse momento, Jan sabia que estava diante de algo que ia além da realidade, algo que não a deixaria em paz.
Capítulo 4 – Explorando a Sombra: O Fantasma de Mark Twain
Assombrada pelo que vinha experienciando, Jan decidiu investigar a história do prédio. O que ela descobriu não a tranquilizou. Em meio a relatos antigos, encontrou registros de antigos moradores que, como ela, haviam sentido a presença de algo invisível e sombrio. E uma figura se destacava: ninguém menos que o escritor Mark Twain. A história contava que Twain havia vivido no prédio por um ano e que, mesmo após sua morte, moradores diziam ver sua figura no corredor, com a expressão séria e um gato ao lado.
Por um momento, Jan quase se sentiu fascinada pela ideia de dividir espaço com o espírito de uma figura tão célebre. Mas a sensação que experimentava não era de tranquilidade ou inspiração. Era algo muito mais denso, carregado de uma energia pesada. Parecia como se aquela presença tivesse intenções ocultas — como se, no silêncio do apartamento, algo se alimentasse do medo que crescia dentro dela.
Mesmo quando tentava ignorar, a presença parecia estar sempre por perto, observando-a, escondida nas sombras e nos cantos mais escuros. Mark Twain ou não, aquilo era uma entidade mais antiga e perturbadora do que ela podia compreender, e Jan começou a perceber que não estava apenas morando em uma casa. Ela era uma visitante indesejada em um território habitado por forças que ela mal podia entender.
Capítulo 5 – O Encontro Sinistro: A Figura Escura
Em um dia qualquer, enquanto limpava o apartamento em um esforço quase desesperado para dissipar a sensação de opressão, Jan viu algo que congelou seu coração. Na penumbra do corredor, uma figura humana tomava forma — uma sombra alta e encorpada, com os ombros largos e um contorno escuro que parecia absorver a pouca luz ao seu redor. Não havia rosto, apenas a silhueta ameaçadora de alguém, ou algo, que parecia observar cada movimento dela.
Jan mal conseguiu respirar. O medo a paralisou, mas, ao piscar, a figura já não estava mais lá. Respirando com dificuldade, ela se apressou para outra sala, tentando fugir. Mas, ao chegar, o pavor tomou conta dela ao ver a mesma sombra encostada na parede, como se estivesse esperando por ela.
Ela gritou, mas o som parecia sufocado pelas paredes que a cercavam. Tomada por uma coragem insana, estendeu a mão em direção à sombra, querendo confirmar que aquilo era real, mas ao encostar nas bordas da figura, sentiu um frio insuportável, um gelo que parecia atravessar sua pele até os ossos. Descreveu a sensação em seu diário como "tocar o nada e sentir tudo". Não era sólido, mas também não era ar — era como se a escuridão tivesse uma substância própria, uma presença viva que a envolvia.
A sombra desapareceu, mas o efeito daquele toque frio ficou. Aquela entidade, seja o que fosse, parecia ter feito um contato definitivo com Jan. Ela sabia, agora, que a presença queria algo dela e que, não importava para onde fosse, seria impossível escapar.
Capítulo 6 – Confronto Final: A Decisão de Fuga
Após meses de tormento e vivendo sob o peso de uma presença constante, Jan não via outra opção senão deixar a casa. As noites eram cada vez mais longas e repletas de aparições, e a sombra a assombrava até nos sonhos. Ela acordava suando frio, com aquela sensação de algo invisível ao seu lado, observando, sempre à espera.
Finalmente, Jan e o marido decidiram que era hora de partir. A casa parecia quase resistir à ideia de perdê-los. Nos últimos dias, o cheiro nauseante se intensificou, e as sombras pareciam surgir em qualquer lugar onde a luz não alcançava. Jan fazia as malas com pressa, e a cada objeto que empacotava, sentia a presença ainda mais forte, como se a entidade estivesse tentando persuadi-la a ficar, ou talvez... ameaçá-la.
Apesar de deixarem o prédio, Jan continuou a sentir que a sombra a acompanhava. Pequenas manifestações pareciam segui-la para onde fosse: o cheiro forte surgindo do nada, o frio que a envolvia quando menos esperava, a sensação de estar sendo observada em seu próprio lar. No fundo, ela sabia que a presença não a abandonara — e que aquele era o começo de um tormento que a perseguiria pelo resto da vida.
Ela anotou essas últimas experiências no diário, mas agora com uma convicção amarga: por mais que tentasse, jamais escaparia do que havia despertado naquela casa.
Capítulo 7 – A Tragédia: A Morte Misteriosa de Jan
Algum tempo depois de se mudarem para longe da Casa da Morte, Jan foi encontrada morta em circunstâncias suspeitas. Embora muitos especulassem que fosse suicídio, seus amigos mais próximos acreditavam que a casa ainda exercia alguma influência maligna sobre ela. Eles sabiam que Jan nunca fora a mesma desde o dia em que cruzara o portal daquele prédio sombrio. Mesmo longe, ela continuava a escrever sobre a presença que a perseguia, sobre a sombra sem rosto que parecia segui-la em silêncio.
Após sua morte, seu diário foi publicado por amigos em um livro intitulado Spindrift: Spray from a Psychic Sea, revelando ao mundo os horrores que enfrentou. As páginas descrevem um declínio lento, uma batalha entre a razão e o terror que vivia em sua mente. Até o fim, Jan acreditava que algo a vigiava, aguardando, paciente, pelo momento de reivindicá-la.
Anos depois, em 1987, o prédio foi palco de uma tragédia ainda mais terrível: uma garotinha foi morta por seu próprio pai em um dos apartamentos. Após esse episódio, o prédio foi deixado vazio. Mas os vizinhos afirmam que uma presença sombria ainda vive ali, e, até hoje, quem passa pela casa à noite diz que sente um arrepio inexplicável, como se o lugar fosse a própria essência do mal.
Conclusão
A história da Casa dos 22 Espíritos permanece como um lembrete sinistro de que alguns lugares guardam segredos obscuros e forças que jamais deveríamos provocar. Jan foi apenas uma das almas atraídas e destruídas por essa presença, mas quantas mais ainda serão? E você, teria coragem de enfrentar seus próprios medos em um lugar assim?